A loucura é a unica coisa decente que a humanidade inventou. A filosofia amancebou-se com ela, estudo e copiou-lhe os maneirismos apresentado-se numa estetica erudita, tao inquiridora quanto artistica.
Diz-lhes Foucault
"Para libertar a diferença precisamos de um pensamento sem contradiçao, sem dialetica, sem negaçao; um pensamento que diga sim à divergencia; um pensamento multiplo - da multiplicidade dispersa e nomada que nao limita nem reagrupa nenhuma das coaçoes do mesmo; um pensamento que nao obedece ao modelo escolastico (que falsifica a resposta ja feita), mas que se dirige a problemas insoluveis, quer dizer, a uma multiplicidade de pontos extraordinarios que se descobre à medida que se distinguem as suas condiçoes e que insiste, subsiste, num jogo de repetiçoes."
Mas isso é impossivel - livros voam, o segurança da biblioteca abana a cabeça - é tarefa para um deus pagao, nao para mortais. Conta-lhe isaiah, conta-lhe:
"The historical approach is inescapable; the very sense of contrast and dissimilarity with which the past affects us provides the only relevant background against which the features peculiar to our own experience stand out in sufficient relief to be adequately discerned and described."
Foucault: "O problema escapa à logica do terceiro excluido, posto que é uma multiplicidade dispersa; nao se resolvera mediante a claridade de distinçao da ideia cartesiana, posto que é uma ideia distinta-obscura; desobedece ao serio do negativo hegeliano, posto que é uma afirmaçao multipla; nao está submetido à contradiçao ser-nao ser. Em vez de perguntar e responder dialeticamente, ha que pensar problematicamente."
Isaiah: " wtf?!!!... i... wtf?!!!"
Que dizes? Esvazia os bolsos! Nao andas ai com chocolataria magrebina lesa-filosofia?
Foucault: "Com facilidade vemos como o lsd inverte as relaçoes de mau humor" "O opio induz a outros efeitos: graças a ele, o pensamento recolhe no seu extremo a unica diferença, recusando o fundo ao mais afastado" "A droga - se ao menos pudessemos empregar razoavelmente esta palavra no singular - nao diz respeito de modo alguma ao verdadeiro e ao falso"
Estou no chao, delirante, em lagrimas, sorriso infantil, cabelos na mao. Eis a verdade revelada, encontrei Deus, a vida faz sentido, o que é a morte senao mero ritual de passagem - my god it's a suicide bomber, run for your lives! oiço lá atras. Desmaios e panico, uma bela escandaleira. Sao doidos, que temem eles? armas de desassossego maciço? Ora quem és tu, adamastor livresco que me interrompes a contemplaçao de um arcanjo e da loucura entretanto parida?
"Pascal objectou que esta consciencia dificilmente seria suficiente para distinguir entre sonho e realidade: um pobre artesao sonhando durante doze horas todas as noites que era rei teria a mesma vida que um rei que sonhasse todas as noites que nao era mais do que um pobre artesao. Alem disso, dado que frequentemente sonhamos que estamos a sonhar, nada pode garantir que tudo aquilo que chamamos a nossa vida nao seja toda um sonho do qual acordaremos na morte."
Certo, certo. Enrola foucault, que eu preparo o filtro. Komm zu uns, hannah, wir sind alle juden