Se entendermos o conservadorismo como disposição filosófica – oakeshott – e o liberalismo como cardápio – ideario pragmaticamente esquematizado – como quase todos entendem então estamos ante um dilema, não os podemos atribuir lhe estatuto igual. Enquanto o estado, o partido, a assembleia pode sofrer de hemiplegia, a natureza humana não o pode. Um liberal, hoje e amanha, terá como escopo a liberdade – seja "positiva" ou "negativa" – o conservador é puramente circunstancial. A liberdade é um fim em si mesmo. Intemporal. Não há conservador em demanda pela monarquia absoluta ou que se esbraceje entre apelos para devolver o homem à rotação dos solos, o conservador é uma criatura do seu tempo, de um presente fugaz, dotado de afectos, de hábitos, de desejos. Sabendo o seu mundo frágil, disponibiliza-se a defende-lo – ainda que sem planos substantivos. Sabe politicamente que o exercício do governo é uma actividade derradeiramente olímpica e que o chão que pisa volátil. No fundo sabe que tudo aquilo que permite uma vida civilizada está aberto às contingências do tempo, passível de perecimento. É por isso que conservadorismo e liberalismo não são insulares e nem sequer estão na mesma escala. Podemos ser liberais com preocupações conservadoras e vice-versa.
PS: genjutsu na caixa de comentarios