O conservadorismo embora o mais barato do cardápio politico continua a ser um prato que se come a contra-gosto. O zelo ideológico dos revolucionários do século XX pintou os conservadores em tons lúgubres e autoritários em proximidade com o nazismo ou o fascismo. Para os revolucionários do século XX bastou os ventos da história. O pensamento permanece. É aqui que situa-se o equivoco, o conservadorismo ainda tem procuração dos retrogrados e reaccionários. O antídoto está essencialmente em cada um de nós. A sua base “epistemológica” está no bom senso e tem raízes no decoro estético, intelectual, moral que jaz na conduta humana. Somos na essência conservadores, e se não somos sempre conservadores somo-lo necessariamente muitas vezes. D
Oakeshott definiu o conservadorismo. O conservadorismo é uma forma de estar, uma disposição. É um começo. Enquanto o socialismo é uma ideologia flanqueada por um cardápio politico, o conservadorismo, na esteira de leo strauss, é virtuosismo. Ao lado de Oakeshott vemos que o seu tempo não é o passado – como para um reaccionário – ou o futuro – como para um revolucionário – é o presente. Ele prefere o que é familiar ao desconhecido. As mudanças fazem parte da vida, embora não as deseje, vê nelas a marcha da história. Mostra-se mais disposto a gozar o que é seguro e conhecido do que pôr se a caminho de um futuro incerto com perdas insanáveis. A “roupagem” do conservador é a dos seus tempos, não está nos livros e nem é sumariada em manuais. Para o conservador não há credos ou doutrinas, apenas o seu tempo, os seus afectos, os seus hábitos. Politicamente um conservador não tem como escopo a utopia, o delírio perfeccionista, o desvario messiânico. O governo é a mão das regras sociais da comunidade. Uma gestão paciente do debate publico sem participar nele. Uma visão pública que visa zelar pelos interesses individuais. Um vinculo jurídico que procura o mínimo de frustrações individuais. Um quadro silencioso de regras aberto à voragem do tempo e da mudança histórica das actividades humanas.