terça-feira, 9 de outubro de 2007
Capa Atlantico
A esquerda de lés a lés sofreu uma congestao de infamias. Houve panico, histeria, escandalo, apoplexias, desmaios. Não necessariamente por esta ordem mas necessariamente em soez convivio. Estancada a dor e já de pé, a boa alma passou ao insulto. O argumento é claro: a grosseria e a bestialidade de hitler nao se comparam ao idealismo e à bondade de che. O argumento é avassalador como uma diatribe juvenil. E é aqui que o equivoco funda-se: che é um dos amores do adolescente que vê no mundo um recreio escatologico que importa limpar em nome de uma utopia sanitaria. A adolescencia é o berço de todos os totalitarismos. Nao há adolescente politizado adepto de soluçoes amorfas e passivas. O adolescente pede mudança, nao para amanha, mas hoje e já. É neste ambiente com che ao peito, calça larga, keffieh ao pescoço que a fileira do radicalismo conhece todos os dias novos recrutas prontos a marchar em nome da demencia. Che nao é a luta armada, o socialismo cientifico, a tirania, os fuzilamentos, as vanguardas, as masmorras totalitarias, a ausencia da liberdade, policias politicas, campos de concentração e gulags, é mais do que isso, é o manto da genorosidade, nobreza e candidez que cobre o "idealismo violento" de jovens urbanos enfadada pela civilização, perdida de tedio e pronta para a barbarie. Nunca conhecerão o palco onde o sangue jorra e os homens clamam pela carne que os pariu. Cenario hostil a gente "amante da paz". Mas asseguram a sobrevivencia das patrulhas ideologicas que pastoreiam a moral, a estetica, a politica do continente. A começar pelas capas.