quinta-feira, 11 de outubro de 2007

liberalismo contemporâneo

Começo com um ponto essencial. Nao penso que o liberalismo e a sociedade liberal sejam necessariamente o mesmo. Vivemos numa sociedade liberal mas o liberalismo nao é a sua unica corrente. Nao temos uma ideia, temos varias ideias. Nao temos uma crença, temos varias crenças. De um modo simpatico a sociedade liberal define-se politicamente pelo respeito tradicional pela discussao no campo da politica e pelo metodo do governo via debate. As velhas tradiçoes gregas da discussao critica e a predisposição para o compromisso. No sopé da filosofia platonica os assuntos humanos, a politica, e a filosofia estão tacitamente ligados. É assim que o problema do multiculturalismo deve ser tratado, um problema filosofico, um problema politico, um problema humano. Que o debate critico o resolva. Que desafio enfrenta o debate critico moderno? Uma moral substantiva, novas crenças, novos habitos, mas o atomo continua a ser o individuo, e o individuo encerra a possibilidade de transcendencia dos limites culturais. Um conceito iluminista caro ao progresso da civilização ocidental – seja lá o que isso significa nos dias de hoje. Um conceito caro às raizes da esquerda. O debate nao é assim tão moderno e é tão velho quanto os reformadores do seculo XVIII e XIX. E os preconceitos e superstiçoes são milenares. Tão velhos quanto as tribos nomadas hebraicas. Com kant no horizonte, antes de qualquer comunidade cultural há um substrato humano universal. E um direito natural – a cartas dos direitos humanos – a prevalecer na comunidade politica ocidental.