terça-feira, 18 de setembro de 2007

Nós e os Outros

Hobbes descreveu a humanidade num estado de guerra inicial de todos contra todos. Acreditava numa humanidade guiada pelos piores instintivos e piores propósitos. Concordo em parte mas não prescrevo a solução autoritária de Hobbes e recaio mais para a visão liberal de Locke. Estou ao lado de uma ordem em que cada um possa arruinar-se da forma que escolher, fazer o que desejar, viver como quiser. Uma ordem liberal debaixo de um governo de cariz conservador como Oakeshott o pintou. Um governo que não se orienta pela utopia de um mundo melhor, não procura o delirio perfeccionista e que a sua vereda é o controlo jurídico dos assuntos mundanos. É esta a ordem em casa. O mundo exterior e a sua arquitectura politica ou prepolitica não nos diz respeito, só quando este nos bate à porta. Os nossos interesses devem ser salvaguardados e defendidos. A arábia saudita tem petróleo, nós precisamos, então procuramos um acordo que vá ao encontro do interesse de ambos os países. Geralmente um conservador não gosta que lhes amassem o centro da capital com aviões comerciais. Se acontecer os autores e quem os protege devem ser punidos. Um conservador é igualmente alguém que não ignora as circunstâncias. As circunstâncias moldam o conservador. A turbulência da umma islâmica ameaça nosso estilo de vida, ameaça a nossa paz, ameaça a cidadela civilizacional? Então medidas terão de ser tomadas. Países serão invadidos. Presidentes depostos. Comunidades de fé disciplinadas. Fora de casa a lei é escrita pela diplomacia dos canhões. Não porque queremos, mas porque nos impoem. A historia quando se mexe não pede licença