sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Esquerda anti-liberal

A Fernanda Cancio, e o Daniel oliveira encaixam mal as teorias liberais e o liberalismo de Pacheco Pereira espumando de raiva ou adoptando a sátira quando este acena com a trama autoritária que eles próprios tecem. Ou seja, liberdade para os amigos, ferros para os inimigos. Daniel Oliveira e Fernanda Câncio pertencem à tradição seca, rígida, luminosa, obstinada do pensamento francês. O JPP no seu artigo involuntariamente se refere a um país fictício que se rege pela “utopia” liberal, na esteira dos liberais clássicos, uma utopia livre de todas as formas de coacção arbitrária de um regime ainda mais arbitrário. O crime de ódio racial, ou o crime de se ser nacionalista, fascista ou reaccionário são claros anátemas a uma sociedade genuinamente liberal. Símbolos de um pensamento que acredita piamente na liberdade embora a neguem cinicamente aos seus adversários. Uma escola que muita vezes passa dos seus líricos cânticos à liberdade para teimar na prática jacobina de usar a guilhotina como instrumento politico. Numa utopia kantiana, que faz da liberdade o substrato da moralidade e que proclama o homem como fim em si mesmo, os “crimes” de ódio racial são clamores de uma autoridade que já instrumentalizou a liberdade. Em democracia há Mários Machados, mas também há Jerónimos de Sousa. Embora possamos discordar de tais indivíduos, temos de lembrar-nos de que a liberdade precisa tanto dos seus críticos como dos seus defensores. A discussão ampla constitui a base do livre pensamento do indivíduo. Uma total liberdade de pensamento não é possível se não houver liberdade politica. E a liberdade politica é uma condição prévia para o pleno e livre uso da razão de todo o indivíduo.