domingo, 23 de setembro de 2007

Isaiah Berlin

Isaiah Berlin escreveu sobre as ruínas que Heine conseguiu pressentir. Um mundo cercado por terror por todos os lados. Isaiah Berlin procurou compreender os alicerces filosóficos que o sustinham. As grandes batalhas travadas no campo e no domínio da politica têm correspondência directa em outras tantas batalhas travadas no universo das ideias. Isaiah Berlin desenvolveu duas concepções de liberdade que, embora nem sempre marchem em direcções opostas, não são necessariamente equivalentes.

A liberdade negativa, a liberdade em que cada um possa arruinar-se da forma que escolher, fazer o que desejar, viver como quiser. A liberdade negativa corresponde à tradição do liberalismo clássico inglês no qual teve em Popper um bom teórico. Assim para a liberdade negativa o problema fundamental do estado é o problema da moderação do poder politico – da arbitrariedade e da extensão do poder pois qualquer lei é uma infracção à liberdade. Tal como Hobbes a definiu “as liberdades dos subditos dependem do silencio da lei”. Os liberais modernos honram essa tradição.

Liberdade positiva. Aqui a questão é a de quem tem legitimidade para controlar ou interferir sobre a esfera de liberdade do sujeito. O que é liberdade? Rousseau respondeu: liberdade é obediência, mas obediência à lei em que nós acreditamos. A perversão entra quando o estado que no fundo só busca o nosso bem comum pede a nossa submissão, as nossas liberdades mesquinhas, o nosso individualismo para conduzir-nos a uma liberdade mais profunda, mais natural mais racional que apenas o tirano, o estado, o colectivo compreende. O principio obriga e legitima aquele que foi libertado pela razão a conduzir à luz, nem seja pela força, os que permanecem na escuridão. O âmago da liberdade positiva foi o manto de desculpas que cobriu jacobinos, Comunistas e fascistas.