quarta-feira, 9 de junho de 2010

Alegaçoes finais III

A misantropia nao é um capricho, nao é voluntaria. E nisto nao ha um plano b, isto é um fim em si, um belo fim. Um apurar ate as fezes os deleites que oferece a arte. Prazer no pranto, pranto no prazer. Tudo isto é patetico. Uma desesperada maneira de evadir-se, uma auto-ajuda, auto-elogio, uma filosofia de consolo, um capital de esperança. Criticavel. Todo o visivel descansa sobre um fundo invisivel, como diz Novalis, e o fundo desta merda nao me merece uma palavra. Esta nausea so funciona a meia-luz. Como escrever: estar a mais, nao pertencer, saber-se a mais. Viver entre os muitos, ser um estranho, um turista, um forasteiro, um estrangeiro. Estar so por nao saber estar acompanhado. Esta escravidao em que languidecemos. Este destino que é um nao-destino. Nao haver vida para la do formigueiro humano e esta intocavel obrigaçao a continuar. Nenhum amor a este cadaver. E todo o amor. De certa forma Deus morreu - morreu esta nostalgia da unidade perdida - herdamos a terra e nao temos mais abrigo que a futilidade. Nao é este um fim em si? Terminar um cadaver culto