terça-feira, 18 de maio de 2010

Alegaçoes finais I

Histriao narcisista, sem ambiçoes, propositos nem fins. Inimigo de Watteau, inimigo de Rafael. Um anarquista, um poeta maldito, e como assinala Umbral, este ultimo é uma força centripeda que se diferencia do anarquista em que nao destroi nem trata de destruir a sociedade, senao a si proprio. Baudelaire confirma Pavese, um suicida é um homicida timido, e como antepassado dos existencialistas, um moderno que sofre a modernidade: o tedio, a angustia, o absurdo, a incomunicaçao, a ausencia de esperança. Baudelaire usa uma sorte de linguagem moral, aceita as regras do jogo, uma moral de trincheiras, arte pela arte. Em Camus e Kafka (existencialista honorario) a verdade nao é necessariamente moral - ou simplesmente nao é - em Baudelaire a verdade é a moral - moral de tendeiros, ele um anjo caido. Pese a todo, apesar de tudo, a empresa esta condenada ao fracasso, este é o drama, um drama de proporçoes cosmicas, caira o crepusculo, cai sempre, um ultimo raio de orgulho humano. Esta é a dinamica: viver ante o espelho, morrer ante o espelho