quarta-feira, 22 de abril de 2009

a tirania da opiniao

A ficçao é sempre uma farsa da realidade, o veu da marginalidade aqui no meio terá a relevancia que tem, ou seja nula, mas é pleno de relevancia enquanto opera bufa da realidade, porque a blogosfera é ficçao. Aqui encontra-se gente que escreve impecavelmente bem, e que implacaveis nao nos ligam nenhuma - e mais do que isso, gozam de proporcional respeitabilidade social. Quanto à proporcionalidade nem uma palavra, a realidade nao é injusta nem justa, a realidade é incontestavel, incontestavel como uma equaçao matematica ou a taxa de decaimento do uranio. Pois entao às malvas o exercicio indecoroso da inveja, o que interessa aqui é a respeitabilidade, e nao digo necessariamente a respeitabilidade do doutorado em filologia germanica, nao, nao, poupemos a blasfemia, antes a respeitabilidade que se encontra no merceeiro. Esta conversa, atentem ao que vos digo, só faz sentido quando ainda nao chegados aos trinta marchamos de ombros cansados sabendo que a inutilidade é medida da chalaça - nao a chalaça que, de televisor ligado, azeda o jantar. Nao. A chalaça como modo de vida, a chalaça que se renova todas as manhas, a chalaça triste do coitado que, coitado, é coitadinho. A comiseraçao miseravel que fica bem nos costados de quem ja nao suporta o cinzento dos espelhos. É isto o que vos falta, a mais absoluta derrota: a infamia onde a humanidade expia o pecado, a hiperbole do anatema, a escatologia da solidao, o escandalo do atraso mental. Querem um horizonte? a sarjeta. Um caminho? aquele que vos leva ao abismo. Como a personagem de beckett passeiem se aniquilados sem futuro nem passado, sejam a parodia da praça publica, levem pedradas dos miudos da rua, e acabem inocentes e numa dor de alma como a defunta de guerra e paz: Ah! ¿por que me habeis hecho esto? exclamem - pois é uma exclamaçao - e amem a farsa. Logo saberao: sem isto nao sao nada. A realidade é uma farsa da ficçao. E de resto porque nao é de somenos, puta que os pariu, que lhes vergue a consciencia e que isso caia com o poder de uma revelaçao: sao menos que nada