quinta-feira, 13 de setembro de 2007

O 11 de setembro

Os reformadores ocidentais do século XVIII e XIX buscaram a ordem justa. A ordem despida das regras arbitrarias de determinados indivíduos que se constituíam a si mesmos como autoridades perante a vasta maioria. Uma ordem cujo primado era proteger a liberdade do indivíduo da intrusão por parte de outros indivíduos. Era isso que significava para a maioria dos revoltosos franceses que ergueram bandeiras revolucionárias para libertarem o indivíduo e depois enviarem os seus exércitos através da Europa para libertarem outras nações. Porém, a defesa abstracta do indivíduo e da sua livre escolha, não termina na ordem justa. Só com liberdades económicas – o direito de todos participarem igualmente na sociedade do consumo – podem as pessoas tirar o máximo proveito das liberdades politicas e de pensamento. Só a liberdade económica gera a sociedades sedentária disponível a meditar-se a si própria e lançar-se na excursão politica universal. A melhor solução postula que o problema da pobreza é insolúvel sem a participação dos pobres e que há que despertar primeiro o desejo e a ambição de melhorar a sua situação para se conquistar a sua colaboração na administração plena do conteúdo público ou na ordem tecnológica. Um miserável sem instrução dá um mau gestor público e um pior cientista. Isto é uma construção meramente ocidental que, portanto, numa sociedade globalizada rivaliza com modos subtis de entender a ordem politica. Após o 11 de Setembro, ante a ameaça do terrorismo islâmico nas ruas de Madrid ou de Londres, a Historia abriu-se novamente, como sempre se abre às contingências do tempo. A marcha da história é implacável e na qual só os vencedores ocupam a dianteira. A nossa civilização não é perene e como Roma caiu também nós podemos ruir. E com ela os filósofos e os pensadores que ergueram a civilização. As obras que fomos lendo, vendo, vivendo para nosso prazer e consolação, serão apenas pó no baú do esquecimento, fantasmas sem memória com poucos para os recordar. As quedas são sempre traumáticas e violentas. Roma regrediu mil anos e recuou à idade do ferro. “Os exemplos são múltiplos. No século V era possível a um agricultor no norte de Itália guardar líquidos domésticos em ânforas do norte de africa de qualidade razoável e dormir em habitações sólidas com cobertura de telha. Isto acabaria por desaparecer nos séculos seguintes. Mas não só. A moeda acabaria por desaparecer como instrumento corrente, comercial, diário. Desapareciam também industrias inteiras, ligações comerciais necessárias para alimentar o império.” A segurança declinou e a literacia igualmente. O golpe germânico atirou a Europa para as masmorras da idade média. Só saimos de lá sobre a mão dos iluministas