terça-feira, 6 de abril de 2010

Praha

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Refugiamos a bom preço em Bohemia, um Ganimedes sem garbo e uma Parsifae de castañuelas

ii

Praga é como a Capri de Savinio, emuladores de hercules - de camera na mao - atraidos pelas sereias do turismo global. O turista nao é o turista de Savinio, é o turista de Byron: uma variante parasitavel do genero humano, como uma vaca leiteira ou a arvore da borracha

iii

Tres jovens teutonicos, postura nazi, cruzam-se com italianos e espanhois - baixos, morenos, falidos - e o mesmo comportamento mais de uma vez: riem-se dissimuladamente, comentarios sem fim, imitam simios - com talento - gargalhadas. Ha uma falha sismica que nao pode ser abolida por decreto europeu ou uniao monetaria

iv

Robert Byron escreve a certa altura que preferia um mau vinho mas autentico a um vinho decente que nao traz nada de novo. Praga é como um bom vinho mas organizado e artificial como Stuttgart ou Viena. Um periodista castelhano lamentava-se que Madrid e Barcelona tinham perdido a genuidade, a autenticidade de Byron, que ja so a encontrava em Lisboa. Em alfama - a autenticidade esquecida pelo Don progresso. Essa salsa de miseria e desordem