domingo, 8 de novembro de 2009

de mala muerte (em 5 actos)

i

Negoceia e cede, no fundo suspeita, sabe, que o fim esta proximo. Enquanto uns vivem as suas vidas, outros emitem o seu ultimo alento. Negoceia e cede. A autoconservaçao é o instinto mais basico.

ii

Lucrecio na passagem em que montaigne imita e adapta, personifica de modo similar a natureza, e com esse apodo convoca a humanidade a dar conta da sua debilidade frente a mortalidade:

Y si la naturaleza misma encontrara voz de pronto y nos increpara asi: "¿cual es tu queja, mortal, que te abandonas a protestas y sollozos?¿por que lloras y te lamentas de la muerte?"

iii

Euridice esta perdida e é recuperada, revive e morre de novo. Nao faz falta, em absoluto, qualquer viajem ao reino dos mortos.

iv

A literatura assumiu o papel improvavel que pertenceu em momentos previos à teologia: dar sentido ao mundo. Traz com ela delirios gratuitos e uma carga mitologica. Os cadaveres sociais de proust que ironizam a morte em vida, a ordem e o caos, os acontecimentos da vida mundana, o mausuleo de duques e duquesas, é isto, a substancia viva que se faz marmore e templo pela mao de quem escreve

v

A morte interessa sobretudo na sua dimensao individual, quando um de nós morre é toda humanidade que desaparece. Esta ali a chave perdida de todas as coisas como diria montaigne. Uma teosofia. O trivium e o quadrivium da idade media. Os acontecimentos da vida mundana, voliçoes, a ordem e o caos, as experiencias sem expressao material transformadas em po. Nao ha vida sem mito.