terça-feira, 19 de maio de 2009

Do egoismo I

Hesse diz que os espinhos da vida sao relativos e a medida justa de cada homem mas como principio orientativo nao serve para nada, porque ninguem toma como padrao a miseria dos outros. O suicidio para alem das maleitas escritas em pedra - porque nao acaba numa perda de identidade, nem na angustia, nem no culminar de um desaire - é todo um idealismo, um desvio a posteriori e uma declaraçao umbiguista, uma tragedia com codigos proprios e que cobra sentido na cabeça de quem o articula. Stendhal ilustra-o como o copo de agua gelada ministrado a um desgraçado que morre de calor e sede no deserto, uma alegoria que nao satisfaz para o alivio que traz a morte e a luta entre dois fins indesejaveis. O alivio é desejado mas nao aquilo que o acompanha. Mas ela é igualmente feita de uma narrativa posterior, o suicida nao morre com a morte clinica e prossegue findado o diluvio naquilo que fez e deixou, e portanto, a luta desenrola-se entre um presente inexequivel e um futuro em que se esta ausente para o tornar exequivel seja o que for. É o equilibrio inutil entre a suspensao do egoismo e o sacrificio. Uma guerra sem redençao nem quartel