domingo, 4 de janeiro de 2009

Brindemos aos fantasmas que seremos

Num mundo sem deuses qualquer vida é uma corrida frenetica em direcçao a nada. Uma odisseia solitaria, plena de inescapaveis horrores - sem exageros poeticos. No mundo de antanho a justiça divina podia tardar, mas a ira era imediata, para la do pano a paz e o mel dos anjos em proporçoes iguais, aca a tirania dos carrascos em proporçoes desiguais. Aqui derrotados estamos e derrotados acabaremos porque nao há faulkner ou hesse que nos salve, morremos, como dizes, e ao po voltaremos, é isto a vida, a tale full of sound and fury signifying nothing, nao houve fuga e nao havera fuga, obedecemos e seguimos de cerviz inclinada as arbitrariedades que as contingencias determinam - essa perfidia que nos pune a cada segundo. Somos dessa estirpe, de nula ambiçao, em isolamento perpetuo, e de chicote na mao para que as costas sigam impecavelmente da cor do sangue. Assim continuarei, de jean genet até que uma bala mais apressada nao peça licença