segunda-feira, 11 de novembro de 2013
Achados e Perdidos
Interessa-me a desintegração pessoal e incomunicável do eu isolado, e os escritores neuróticos, problemáticos e mortos compõem sem exageros parte importante do meu universo e espólio afectivo. Quando procuro literatura procuro um anti-depressivo, que cumpra uma função utilitária mas também identitária e de consolo, espero nela uma transformação alquímica de debilidade, comiseração e reclusão em algo mais.
sábado, 9 de novembro de 2013
Eterno Retorno IV
O narrador já não é o narrador de Proust e pode ter chegado a um nível de crise, mas continua a ter a capacidade implicação ou de irradiação, continua a desempenhar um papel activo dando forma a episódios sem importância, voz ao vazio, e a algumas fantasias elípticas.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
Eterno retorno III
a vida celebra uns, esmaga outros, e é indiferente com a maioria, pertenço aos segundos
eterno retorno II
Careço de assombro como o mundo carece de sentido, sinto falta da sensaçao quotidiana de suave derrota, faço do isolamento uma forma de militancia, e vivo como se tivesse sido definitavemnte expulso do paraiso. A vida celebra uns, esmaga outros, e é indiferente com a maioria, fica a eterna tarefa de recolher os fragmentos, de criar e destruir a partir do nada, e ainda assim, de assimilar-se a deus, uma proposta indecente mas inteiramente humana, propunha TS Eliot um contraste entre o crepusculo dos deuses wagnerianos e o crepusculo dos homunculos de “hoje”, a autocomplacencia é o horizonte dos debeis, e eu sempre fui um debil
eterno retorno
A consciencia individual se forja a partir de residuos do passado e percepçoes do futuro, escreve o escritor, e ainda que soem demasiado conceptuais, demasiado definidos para a agitaçao do tempo, entre a soçobra do passado e a perceptivel ruina do futuro se situa a provincia ilimitada da vontade humana
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
Cont.
A consciencia hiperbolica do patetismo é escatologica, uma falha na natureza, uma noite escura do sentido, um grau de estranheza que converte um estranho em um estranho à humanidade
Nada
Tem um poder irresistivel, e a sensaçao de vergonha, de pisar terreno sagrado, de por as visceras em cima da mesa, de sujar a toalha, e sem nada que nos redima
sábado, 13 de outubro de 2012
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Tudo
If they have, why are they acting with so little unity? The question of size has become an absolute necessity in globalization. Mrs. Merkel undoubtedly senses that Germany's fate will also be decided in Europe's backyard. That's why, after some hesitation, she chose solidarity, albeit in moderation. Nevertheless, she is also allowing Germany, France, Italy and Spain to become divided in the crisis. If our countries can become divided under the pressure of market forces, they will perish, both individually and jointly.
quinta-feira, 5 de julho de 2012
Notas (9)
Se buscassemos o ponto de contacto entre o medievo europeu e a sensibilidade narcotizada dos anos 60 esse ponto seria o Brasil de Updike, uma geometria de ferro e vidro de Leblon e Sao paulo e tapirapes, guaicurues e bandeirantes no mato grosso. Diz Ross em Macbeth que a tristeza violenta parece um extasis moderno. Moderno e cronico
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Notas (8)
A la recherche du temps perdu é mais que prosa elegante com valor ludico-informativo de enciclopedia de epoca: preços de bilhetes, horarios, obras de teatro, gostos, habitos, um programa estetico, à posteriori, cumpre uma funçao comunicadora, uma funçao tosca e consideravelmente inutil de farol numa noite sem fim
domingo, 26 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
Notas (6)
A ideia de representar o todo, a totalidade humana, a estupidez, que como recorda Vargas Llosa eram sinónimos para Flaubert, é uma empresa condenada ao fracasso. É um tema frustrante, que se pode acrescentar sobre o genero humano, como ir mais alem e ainda mais longe sem descrever elipses sobre elipses e assumir uma distancia irónica, e para quê a ironia e o enfado quando bastam por si as paredes de uma casa.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Notas (5)
Não haverá paz para os malditos, diz a periodista, um erro não intencional. Não haverá paz para os malvados sera uma declaração moral, virtuosa e improvavel, que não haja paz para os malditos revela prudência e sensatez
domingo, 15 de janeiro de 2012
Lisbon
A third world-like, vem escrito na guia, as imagens que captam as camaras reflex alimentam o ciclo, a pobreza é mais ou menos evidente, um neo-realismo que interessa ao turista por estar desajustado ao seu tempo, se sente superior e o subdesenvolvimento pode ser comovente como uma rara planta que não prospera no seu mundo, foi objectivo tornar o pais moderno e rico, parece que queriam ser europeus, houve uma serie de avanços, modernizou-se, ainda que uma modernidade de lantejoulas e cimento, um critério estetico e sentimental mas economicamente sem frutos, como mostram as fachadas em abandono, as naturezas mortas em ruina onde o saneamento estetico não chega, não me interessa a leitura politica. O turista acaba por ver o lado negativo, a velha cidade decadente, a desorganização publica, a desordem urbana, o bem comum que é um santuario de augustas trevas, tal como o medo, a estupidez está para o individuo está o subdesenvolvimento como condição colectiva, uma forma de exigência formal que alinha comportamentos, cria codigos, autojustifica-se, e demonstra uma certa ausência de pudor. Há cerca de vinte anos Portugal comparava-se com Espanha e Grecia hoje a companhia é menos honrosa, a dignidade pátria costuma andar nas listas da ocde ombro a ombro com o Mexico e a Turquia, 40 anos de democracia foram incapazes de civilizar o curral, um pais de aventais para melhor servir laranjadas e tropicalismo
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Notas (4)
Não defendo uma posição cínica nem é essa a posição no ensaio que a meio se apoia no caso Dreyfus para chegar a um ponto que me permite enredar por outro caminho. Um general se coloca do lado da vitima inocente e organiza um comité de dreyfusistas, união pela justiça e sugere adoptar mais modestamente, união pela verdade, "se pode duvidar do que é justo, mas não do que é verdadeiro" diz o general. Também albergo duvidas sobre o que é justo mas poucas sobre o sentido de justiça comum e a fronteira normativa da maioria, um aglomerado de corcundas morais que fazem pagar caro testemunhos mais que oculares e convertem uma qualquer verdade numa qualquer alucinação
Notas (3)
Releio as cartas desde las antipodas, há um ensaio que me segue desde que o li em julho, o ensaio fez parte de uma conferencia que tinha como tema a verdade, não as costuras internas, que não importam em si, mas a representação, e o ponto central que desempenha a imaginação, nada de confusões, a imaginação encontra-se no plano da poesia, fonte primordial, não basta o acontecimento, testemunhos, a marcha das nações, traições, deslealdade, a inveja. A realidade é a realidade, a verdade é outro assunto.
Notas (2)
Em 2011 terminei três cadernos, irrelevantes e peripatéticos - como só pode ser a marginalidade - um "deve e haver" caótico, sem forma externa e no entanto que se mantém unido como se estivera cosido interiormente
sábado, 31 de dezembro de 2011
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Urtain
A vida de Urtain deu origem em 2008 a uma obra de teatro, a peça é rodada em um ringue onde o género humano cai ao primeiro gongo. Urtain não foi apenas o homem que conhecera a Franco, que fez uma fotografia com Franco, que fora campeão europeu, uma fortaleza fisica. Fora de combate foi um rafeiro à deriva, figura circense nos baixos fundos de uma cidade infernal, animador de luta livre, porteiro, uma luta constante contra o que não tem emenda, tentou os negócios mas como diz uma personagem não foi feito para os negócios As suas aparições televisivas suscitavam piedade e alimentam os piores instintos, o escárnio publico. O ringue é um reflexo palido, ali não circula uma gota de ar, não há bondade e onde não há bondade não há humanidade, apenas o desconforto de uma verdade previa. Urtain acabou por sucumbir e atirou-se ao vazio de um decimo andar de Madrid
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Nada
Para-raios de deus como diz Ruben Dario, antítese da ordem, o trabalho e a moral, a vida esmagada contra qual os jovens casais murmuram, entendo o gozo estético, claro, tambem sou feito de identica materia que espera a aniquilação, anima-me a linguagem musical, frente ao pessimismo do tempo e os seus descalabros proporciona uma visão optimista, uma parcela de liberdade
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Deus ex machina
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
doomsday clock II
The Economist, with its cover of a euro coming down in flames, asks 'Is this really the end? and answers that, basically, yes it is. A senior minister explained to me a few days ago that contingency planning is now well under way, and takes in both preparations at home for a shock on the banks and work with consulates and embassies abroad, specifically in the eurozone, to anticipate social and banking disruption when it all goes wrong. The betting in Team Dave seems to be that the game is as good as up for the single currency. "It's in our interests that they keep playing for time because that gives us more time to prepare," the minister told me. Anyone who has any kind of exposure to the euro – a euro mortgage for example, or a euro account, or euro contracts – should be taking advice now on how to mitigate the risk.
Contingency planning is in progress throughout Europe. From the UK Treasury on Whitehall to the architectural monstrosity of the Bundesbank in Frankfurt, everyone is desperately trying to figure out precisely how bad the consequences might be. What they are preparing for is the biggest mass default in history. There's no orderly way of doing this. European finance and trade is too far integrated to allow for an easy unwinding of contracts. It's going to be anarchy.
Contingency planning is in progress throughout Europe. From the UK Treasury on Whitehall to the architectural monstrosity of the Bundesbank in Frankfurt, everyone is desperately trying to figure out precisely how bad the consequences might be. What they are preparing for is the biggest mass default in history. There's no orderly way of doing this. European finance and trade is too far integrated to allow for an easy unwinding of contracts. It's going to be anarchy.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
domingo, 25 de setembro de 2011
sobre a primeira lei de Newton
Uma partícula livre é aquela que não esta sujeita a nenhuma interacção. Rigorosamente falando, não existe tal coisa, porque toda partícula esta sujeita a interacções com as demais partículas do universo. Na prática, entretanto, há algumas partículas que podem ser consideradas livres ou porque estão suficientemente afastadas umas das outras e as suas interacções são desprezíveis, ou porque as interacções com outras partículas se anulam produzindo uma interacção nula.
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